segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Texto I

I.
Odeio e gosto. Gosto e odeio.
Odeio os dias claros, quentes, quando o sol resolve sair e preciso usar camisas sem mangas. Odeio asfalto, preto, cheio de buracos ou mesmo os lisos que deixam a cidade mais quente. Odeio os domingos e odeio ter de que assistir TV. Odeio gente que se faz de tonta. Odeio cabelos retos, lisos, tesos, sem vida, volume, languidos e cheios óleo. Padronizados. Insuportável. 
Telefone me dá nervoso. Calafrios.
Não gosto de gente que se acha única, diferente, excêntrica, alternativa, incomum, indie. Não gosto, não gosto, não gosto mesmo e pronto.
Odeio mulheres que só ligam para dinheiro e homens halterofilistas. Beleza demais enjoa rápido quando não se tem assunto. Não gosto de gente exibida e que se sente superior aos outros por qualquer motivo. Pedantes me dão agonia. 
Mas o que eu odeio, odeio quando tu finges não se importar. Odeio sua autonomia, ligar, não ligar.
Não gosto de sol, praia, mar e refrigerante. 
Garotas de short, sapato alto e batom vermelho. Roupas justas de cores "vibrantes". Que inferno. Odeio tanta coisa, que olha...
Mas eu gosto quando você me traz um café preto ou um chá verde. Gosto de você por parecer sempre sério, por estar sempre arrumado e quando sorri de coisas bobas.
De me fazer ficar por horas, de dormir abraçado, de acordar descabelado. Gosto de tudo. Tudo gosto. Odeio muitas coisas, mas nada disso importa, não agora, porque você me faz esquecer essa bobagem toda.
Porque eu gosto e odeio, odeio e gosto.


Acho que estou apaixonado de novo.

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